Muitos casais chegam à terapia com a sensação de que conversam muito, mas se entendem pouco. Discussões frequentes, silêncios prolongados ou diálogos que rapidamente se transformam em conflito costumam gerar frustração e afastamento emocional.
Apesar de parecer um problema de comunicação, na maioria das vezes o que está em jogo é algo mais profundo: a dificuldade de falar sobre sentimentos quando nos sentimos vulneráveis.
Falar sobre o que sentimos envolve risco emocional. Ao expressar medo, insegurança, frustração ou necessidade de proximidade, nos colocamos em uma posição sensível diante do outro. Para muitas pessoas, essa exposição ativa experiências antigas de rejeição, crítica ou abandono.
Por isso, o que aparece na superfície como “falta de diálogo” costuma ser, na verdade, uma tentativa de proteção emocional.
Em situações de desconexão emocional, é comum observar padrões como:
Esses movimentos não indicam desinteresse pelo relacionamento, mas formas aprendidas de lidar com desconforto emocional.
Os estilos de apego influenciam diretamente a forma como nos comunicamos nos relacionamentos íntimos. Algumas pessoas tendem a buscar conversa e proximidade quando se sentem inseguras; outras, ao contrário, se afastam ou se fecham como forma de autorregulação.
Quando esses estilos se encontram, podem surgir ciclos difíceis:
Sem compreensão desses padrões, a comunicação tende a se tornar cada vez mais reativa.
A terapia de casal não se limita a ensinar “técnicas de diálogo”. Ela oferece um espaço para que o casal possa:
Quando há segurança emocional, a comunicação deixa de ser um campo de batalha e passa a ser uma ponte.
Muitas pessoas nunca tiveram modelos de conversas emocionais seguras ao longo da vida. Aprender a nomear sentimentos, expressar necessidades e escutar o outro com abertura é um processo — e não uma habilidade inata.
Na terapia, o casal pode desenvolver novas formas de se comunicar, respeitando limites, diferenças e tempos emocionais.
Relacionamentos saudáveis não são aqueles sem conflitos, mas aqueles em que é possível falar, escutar, reparar e se reconectar. A comunicação não precisa ser perfeita para ser suficientemente boa.
Quando o casal aprende a olhar para o diálogo como um processo relacional — e não como uma disputa — surgem novas possibilidades de proximidade e entendimento.
Copyright Ms. Priscila Rolim, 2022