Facebook
dezembro 21, 2025

Terapia de Casal e Estilos de Apego: por que repetimos os mesmos conflitos?

Muitos casais procuram a terapia relatando a sensação de estarem presos aos mesmos conflitos, apesar de esforços genuínos para melhorar a relação. Discussões que se repetem, afastamentos silenciosos ou ciclos de aproximação e rejeição costumam gerar desgaste emocional e sensação de impotência.

Em muitos desses casos, o que está em jogo não é falta de amor, mas padrões relacionais aprendidos, conhecidos como estilos de apego.

O que são estilos de apego?

Os estilos de apego dizem respeito à forma como aprendemos, ao longo da vida, a nos vincular emocionalmente, lidar com proximidade, distância, conflito e pedido de apoio. Esses padrões se formam nas primeiras relações significativas e tendem a se manifestar com mais intensidade nos relacionamentos íntimos da vida adulta — especialmente nas relações conjugais.

De maneira geral, descrevemos quatro padrões principais:

  • Apego seguro: maior conforto com intimidade e autonomia, capacidade de comunicação aberta e reparação após conflitos.
  • Apego ansioso: medo de abandono, necessidade intensa de confirmação e maior sensibilidade a sinais de afastamento.
  • Apego evitativo: desconforto com proximidade emocional, tendência a se fechar ou se afastar diante de demandas afetivas.
  • Apego desorganizado: ambivalência marcada, em que o desejo de proximidade convive com medo, confusão ou retraimento.

Como esses padrões aparecem na relação?

Na dinâmica do casal, esses estilos podem se combinar de formas que geram sofrimento, como:

  • um parceiro que busca proximidade enquanto o outro se distancia;
  • tentativas de diálogo que se transformam em cobrança ou silêncio;
  • dificuldade de se sentir visto, compreendido ou emocionalmente seguro.

Esses movimentos costumam ser estratégias de proteção emocional, e não falhas de caráter ou desinteresse pelo outro.

O papel da terapia de casal

A terapia de casal oferece um espaço estruturado e seguro para que o casal possa:

  • identificar os padrões de apego que se ativam na relação;
  • compreender como cada parceiro reage quando se sente ameaçado, inseguro ou desconectado;
  • desenvolver formas mais conscientes de comunicação e regulação emocional;
  • construir experiências relacionais mais seguras no presente.

Mais do que “resolver conflitos”, o processo terapêutico ajuda o casal a dar sentido ao que acontece entre eles, criando novas possibilidades de vínculo.

Apego não é rótulo

É importante ressaltar que estilos de apego não definem quem a pessoa é. Eles descrevem padrões aprendidos, moldados por experiências anteriores — e padrões podem ser transformados. Relações cuidadosas e o trabalho terapêutico podem se tornar espaços de mudança, crescimento e reparação emocional.

A terapia de casal, nesse sentido, não é apenas um recurso para momentos de crise, mas também uma oportunidade de aprofundar o vínculo e construir relações mais conscientes e seguras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *